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Irã pode atacar ilha estratégica de Diego Garcia no Índico: entenda sua importância para os EUA

O local abriga uma das poucas bases fora dos EUA com capacidade para bombardeiros estratégicos e tem papel-chave em operações militares no Oriente Médio.
Irã pode atacar ilha estratégica de Diego Garcia no Índico: entenda sua importância para os EUAAP / Armada de EEUU

O Irã poderia atacar a base naval conjunta dos EUA e do Reino Unido na ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, em resposta a qualquer ação hostil dos EUA contra Teerã, informou recentemente o The Telegraph, citando uma autoridade militar iraniana de alto escalão.

Ele especificou que, no caso de um ataque dos EUA, Teerã lançaria uma ofensiva retaliatória contra a ilha remota com seus novos mísseis balísticos de médio alcance Khorramshahr e drones kamikaze Shahed-136B, que têm um alcance de até 4.000 quilômetros.

A imprensa iraniana divulgou na segunda-feira um vídeo gerado por inteligência artificial que simula um ataque com mísseis à base, atualmente administrada pelo Reino Unido.

Qual é o significado dessa ilha idílica de vegetação exuberante e praias de areia branca? A resposta está na infraestrutura militar e da localização da ilha.

Um atol remoto para operações militares longe dos EUA

A base na ilha pouco povoada. Possui, oficialmente, apenas 220 habitantes e é composta militares da Marinha e da Força Aérea dos EUA, cuja missão é "manter e operar instalações e fornecer serviços e suporte material para unidades flutuantes, forças operacionais avançadas e atividades no continente".

E ainda, suas instalações militares é uma das poucas no exterior com os recursos técnicos necessários para realizar missões de bombardeiros estratégicos, como o bombardeiro furtivo B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA.

Prova disso foi o envio de pelo menos sete B-2 Spirits para Diego Garcia em meio a ataques aéreos maciços contra alvos Houthi do Iêmen, informou o UK Defence Journal.

E a Força Aérea dos EUA continua a concentrar forças no atol. Os B-2s são capazes de transportar bombas bunker buster GBU-43/B, coloquialmente conhecidas como a "Mãe de Todas as Bombas", que poderiam penetrar nas instalações nucleares profundas do Irã.

De acordo com Matthew Savill, especialista militar da defesa britânico Rusi, Diego Garcia é "extremamente importante" devido à "sua posição no Oceano Índico e às instalações que possui: porto, depósitos e aeródromo".

Para os EUA, a ilha também é um local importante em termos de "capacidade de observação e rastreamento espacial", explicou o especialista.

A história "americana" de Diego Garcia

A presença dos EUA na ilha remonta aos últimos dias do Império Britânico. Quando o Reino Unido se retirou de suas colônias na década de 1960, o Império em desintegração quis reter alguns territórios estrategicamente importantes para manter seu papel como potência global.

Assim, o Reino Unido separou o arquipélago de Chagos das Ilhas Maurício em 1965 e expulsou mais de 1.300 habitantes de sua maior ilha, Diego Garcia, para estabelecer uma base militar que seria alugada aos EUA por 50 anos em troca de um desconto na compra de mísseis nucleares.

As Ilhas Maurício vêm tentando há décadas recuperar o controle sobre Chagos. Em 2019, a Corte Internacional de Justiça considerou ilegal a apreensão das ilhas em 1965, uma decisão que foi ratificada pela Assembleia Geral da ONU.


Quem são os Houthis, o poderoso e crescente movimento rebelde do Iêmen? Leia em nosso artigo.